As pessoas estão robotizadas.

Este título pode parecer estranho no momento atual, mas reflete uma observação que tenho feito ao ler interações entre pessoas e robôs nos últimos tempos.

Com o avanço dos LLMs, estamos surfando em diálogos fluidos entre humanos e máquinas. No entanto, percebo uma certa preguiça por parte dos usuários, principalmente os Heavy Users, que, ao saberem que estão interagindo com um robô, passam a comunicar-se utilizando apenas palavras-chave.

Um exemplo claro é o típico comentário em um produto no Instagram: “PREÇO”. O questionador não se dá ao trabalho de ao menos dizer “Oi, quero saber o preço“, indo direto ao ponto.

Diante disso, surge uma questão intrigante: Estamos treinando as máquinas ou as máquinas estão nos treinando?

O que a princípio parece ser apenas uma troca de informações, na verdade, revela um ciclo vicioso. Enquanto tentamos tornar os modelos de linguagem mais humanos, nós mesmos adotamos uma maneira de comunicar mais mecanizada e simplista. Essa mudança pode refletir não apenas uma preguiça momentânea, mas uma transformação mais profunda na forma como expressamos nossos pensamentos e sentimentos.

Nesse contexto, o papel do design de experiência em inteligência artificial torna-se ainda mais crucial. Designers (UX) têm a tarefa de criar interfaces e interações que não só entendam comandos, mas também incentivem os usuários a expressarem-se de forma completa e genuína, preservando a riqueza da comunicação humana.

À medida que avançamos na era da inteligência artificial, devemos estar atentos para não nos tornarmos meros reflexos de nossas próprias criações, limitados a interações superficiais e carentes de profundidade emocional.

E você, já se pegou simplificando demais suas mensagens ao interagir com uma máquina? Será que estamos nos tornando mais eficientes ou apenas menos humanos ao nos comunicarmos?